Entre eles

Se encontraram sem pretensões, aliás, quase sempre é...
Ele um rapaz aparentemente muito doce e ela aparentemente muito cheia de si.
Aos olhos dele, ela sabia tudo, aos olhos dela, ele, muito "bonzinho".
Assim foram se encontrando Renato e Fabiana, todos os dias, segredos, sensações, confissões, sorrisos, lágrimas, ataques, brigas, reconciliações, mais brigas, mais segredos, mais respostas, mais perguntas, e de repente, mais dor, mais aflição e mais angústia. 
Ele, dor, mundo paralelo, perguntas sem respostas, silêncio.
Ela, aflição, perguntas, palavras, desespero, angústia, e a alegria de vê-lo se torna nó na garganta e mãos atadas.
Segredos e coincidências, mesmos defeitos, talvez a solidão em comum, caos interior.
Nela, adormecido. Nele mais vivo que tudo.
O que fazer? Ela tenta ajudar, mas ele não precisa de ajuda.
- Eu não sou louco
ele diz
-Loucos não precisam de ajuda!
ela responde.
Distância, silêncio que atormenta e palavras que machucam.
Ele não gosta, mas não diz, se afasta, ela grita, ele corre.
Ela tenta esquecer, ela fere, ele se afasta mais e mais e mais e mais...foi.
DOR
Ele cansa.
Ela cai
No chão, alguém socorre, não é ele.
Ela chora.
Ela sente sangrar, sente doer, e nem a voz dele ela escuta.
Mas ela sente a dor dele de se afastar, não porque quer, mas por que lhe causa dor.
-Te adoro, mas te faço mais mal do que bem, menina...
Ela chora.
Emudece, palavras ceifadas, amassadas, trituradas, arrancadas.
Dor.
Sem ele, ela volta. Pra onde, nem ela sabe.
Entre eles agora o silêncio, a última vez ela lhe olha e diz
- Não acabou. 
Ele sem falar nada, abaixa a cabeça. 
Não precisa dizer nada, ele sabe que ela tem razão.
Amanhece.
Ela sente a  respiração dele e seu peito em suas costas.
Ele lhe olha, ela sorri. 
Eles disseram "não" para os "nãos" da vida.
Ele diz
- Calei você com meus beijos
Ela responde
- e eu fiz você falar tudo que tava adormecido ...

E no cd Gessinger os dava razão:


Nós dois temos os mesmos defeitos
Sabemos tudo a nosso respeito
Somos suspeitos de um crime perfeito
Mas crimes perfeitos
Não deixam suspeitos...






Fernanda Guiterio