sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Dentro dela corre um sentimento nas veias que é meio difícil explicar, pensamentos que tomam conta quase todo o seu dia. 
A cama pequena, a geladeira os observando junto com os outros móveis que mal se ajeitam dentro de casa. Nosso aconchego. Testemunha de muitas conversas, leituras, explicações, discussões que levam a se conhecer melhor. O rapaz intelectual e ansioso e a mulher desesperada e louca que viaja em pensamentos e cria historias “no sense” .
Só ele tem aguentado o seu caos, só ela aguenta a sua mudança humor repentina. As noites com pesadelos, os medos fora de controle.
Seu peito é o lugar preferido, onde a faz dormir todos os dias, lendo pra ela, procurando soluções pra determinados assuntos que só eles conhecem, só ele sabe seus segredos e seus medos, repara seu choro escondido, mesmo que ela disfarce. Só ele sussurra poesias pra acalma-la até que durma...
E o amor caótico e puro é o que os faz seguir, seguir os dias pesados, onde a ausência se torna insuportável, onde o cheiro doce dela não chega ao alcance dele, onde ela não alcança seu cheiro forte. Onde ela não consegue beijar seus olhos pequenos ao chorar, onde ela não consegue estar a seu lado quando chega nervoso do trabalho. É o amor, amor absurdo que surgiu manso, com passos bem leves, sem que eles mesmo conseguissem perceber...mas não custou muito para que se enxergassem um no outro, nada premeditado, nada inventado, tudo “encaixado” de maneira simples mas desesperadora onde nenhum dos dois queria acreditar mas não conseguiam mais controlar.
Então vieram os sonhos, e esses sonhos também os fazem seguir, seguir de maneira meio torta, de maneira as vezes, um pouco lenta, desesperando os dois com a tal da ansiedade que os deixa esperar o “momento certo” de tudo acontecer...
E ela dorme todos os dias escutando sua voz e escutando as declarações de amor que só ele sabe fazer, dorme sentindo as mãos ásperas, o cabelo molhado, o suor, a boca quente, a saliva, seu corpo no dela, pernas entrelaçadas na tal cama pequena...que se faz enorme, porque os dois nesse momento se fazem um só...


Fernanda Guiterio

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