Alice pensa "o maço de cigarros tem que durar essa noite". Não vai mesmo levantar da cama e sair pela a rua a procura de um bar aberto, porque sabe que a ausência dele dói nessas horas...
Prefere ficar em casa dormindo ou lendo Neruda, escutando rock no último volume. Parece insano mas é no barulho dos acordes que ela encaixa ou tenta encaixar seus pensamentos. O silêncio as vezes a irrita, fora de casa só passarinhos cantando ou bichos de nomes indecifráveis. E ela pensa nas noites com ele onde os barulhos foram outros. Ainda com a roupa da noite anterior, saia justa, salto que não teve coragem de tirar. Precisa de forças pra ir ao chuveiro. Maquiagem escorrendo pelos olhos, ela não limpa, gosta das marcas, do negro, do escuro...
Volta pra cama, telefone ao lado, não liga e nem espera ligação, mas continua olhando pra ele. Como diria Renato "Aonde está você agora além de aqui dentro de mim?" Exorcizando sentimentos pelas lágrimas que caem, isso, ela quer lavar a alma, quer que o amor doente e louco saia da mesma forma que entrou...
Ela não o quer mais, quer de volta suas noites agitadas com sua roupa justa, decide não ficar em casa, levanta, procura algo pra vestir, mas a nudez de seu corpo é o que mais se encaixa naquele momento, então apaga a luminária, deita mais uma vez. Barulhos, carros, chave, portão, já não há mais nada que foi pensado antes, só ele vindo em sua direção. Juntos de novo, entre beijos, lágrimas e olhares de ternura. Ela pensa "se tiver que pagar qualquer preço pelo amor, eu pago, mesmo que me custe umas noites solitárias, pois a noite que ele vem anulam todas as outras que passei sem seu corpo no meu..."
Fernanda Guiterio
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